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Estudo: uso da bicicleta não favorece a saúde dos entregadores

 

Uma pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo – USP, traz um dado curioso do ponto de vista das ações em prol da mobilidade urbana e qualidade de vida das pessoas. De acordo com o estudo, o uso da bicicleta para fazer entregas não favorece a qualidade de vida dos entregadores. Ainda que este meio de transporte seja visto como sustentável e saudável.

 

Danos psicológicos

Um dos pontos altos da pesquisa foi o registro do impacto da pressão psicológica sentida pelos entregadores para que as corridas sejam feitas cada vez mais rapidamente e de forma eficiente. Isso causa tensão e medo de não conseguir uma renda adequada ou de perder pontos e ser cancelado das plataformas, caso não consigam atender conforme a demanda. Para tanto, aceitam muitas corridas, deixando de fazer pausas para descanso e alimentação.

Esse excesso de corridas, além de sobrecarregar as bicicletas, sobrecarrega os entregadores e pode lhes tirar a atenção quanto às sinalizações de trânsito.

Dados de uma outra pesquisa, desta vez realizada pelo Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apontam que muitos desses entregadores já trabalham em processos de adoecimento físico e mental. Uma vez que as exigências por mais resultados em um curto período de tempo também podem causar uma série de problemas psicológicos. A pressão por resultados leva o indivíduo ao estresse, à crises de ansiedade e à queda da imunidade. Além disso, à baixa qualidade da alimentação, problemas posturais relacionados à carga excessiva, doenças gastrointestinais e até renais.

 

Segurança e Saúde

Quanto a outros danos à saúde, vale ressaltar que a pesquisa aconteceu durante o período da quarentena devido à pandemia. E, ainda assim, ao medir os níveis de poluição a que os entregadores se submetem durante as horas de trabalho, o levantamento identificou dados alarmantes. Isso faz pensar que os índices possam ser muito mais altos agora, com o término do período de isolamento em que temos mais pessoas e carros circulando pelas cidades.

Questões de infraestrutura urbana também dificultam o dia a dia nas ruas em cima de uma bike. A realidade é que em vários trechos os entregadores se deparam com diversos problemas. Como, por exemplo, a falta de ciclovias, o que os levam a dividir o trânsito com carros, ônibus, motocicletas e caminhões.

 

Renda extra

Por fim, um relatório realizado pela Aliança Bike identificou que 75% dos trabalhadores que fazem entregas de bicicleta trabalham mais de 12 horas por dia para ter um rendimento mensal médio de R$995,00. Enquanto os que trabalham até cinco horas por dia faturam em média R$466. Estes entendem a atividade apenas como uma forma de complementar a renda e não efetivamente como um trabalho.

 

Por Pauline Machado Publicado 08/01/2023 às 08h15

 

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