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Com os carros, a nossa cidadania é concretamente mutilada

No artigo As cidadanias mutiladas, da coletânea O preconceito (vários autores), o geógrafo Milton Santos traz o conceito de cidadania mutilada, pois segundo ele, há diversos fatores que impedem alguns grupos sociais de usufruir plenamente dos direitos, espaços e decisões que tangenciam a vida nas cidades e nos garante o status de cidadãos e cidadãs. Pensando nesse conceito, podemos dizer que há mais um elemento que mutila nossa cidadania: a disputa desigual de poder de ocupação e permanência nos espaços das cidades. Essa disputa tem sido além de desigual, desumana, violenta.

Toda e qualquer violência, conforme alerta a feminista e acadêmica argentina Rita Segato, é um enunciado. Podemos dizer então que a violência é uma linguagem que comunica a intolerância frente os tensionamentos que as resistências urbanas representam no combate aos efeitos dessas relações de poder desiguais que ocorrem também nos espaços urbanos. A mobilidade ativa é um nicho de resistência contra a deterioração das relações sociais que tem sido construída nesses espaços e que consolidam cotidianamente os efeitos nocivos que sua estrutura provoca, através dos diversos tipos de poluição (sonora, visual e ambiental), do trânsito adoecedor, das arquiteturas opressoras, da falta de espaços verdes, etc.

Toda violência pretende eliminar resistências que se mostram dotadas de um alto potencial transformador. O uso da bicicleta, bem como a luta pela mobilidade ativa são algumas faces dessa resistência, pois é economicamente mais viável, não polui, promove a saúde de seus usuários que nem sempre tem tempo para se dedicar a uma atividade física e ao mesmo tempo, questiona a hegemonia dos carros que não antecede nossa urbanização, mas se soma a ela, moldando todos os espaços em função da locomoção motorizada.

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