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Aliança Bike: “Nota de repúdio às ‘piadas’ do humorista Murilo Couto”

Assistimos consternados a um trecho do stand up de comédia do humorista Murilo Couto em que este zomba e, pior, concorda com atropelamentos e mortes de ciclistas no Brasil.

Nos últimos 10 anos, quase 14 mil ciclistas tiveram suas vidas ceifadas por motoristas de ônibus, automóveis e caminhões nas estradas, ruas e avenidas de todo o Brasil. Mortos no trânsito, em geral, somam em média mais de 50 mil pessoas por ano. É uma tragédia humanitária.

As falas do humorista atravessam como um afiado punhal os corações de milhares de famílias em luto e em busca de justiça por crimes de trânsito que ainda são negligenciados no país.

Não nos cabe dizer quais são os limites do humor, mas sim alertar que, quando se trata da vida e da sobrevivência de pessoas, o efeito imediato das falas do Sr. Murilo Couto é a banalização das mortes. Sim, uma piada pode promover mais mortes e a atitude do humorista pode ser interpretada como incitação ao crime (art. 286 do Código Penal) e discurso de ódio, travestidos de “humor”.

Como disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, enfrentar o discurso de ódio não significa limitar ou proibir a liberdade de expressão. Significa evitar que este discurso se transforme em algo mais perigoso, particularmente que incite discriminação, hostilidade e violência, o que é proibido pela legislação internacional.

Portanto, repudiamos com veemência as falas do Sr. Murilo Couto. As risadas de uma platéia em uma sala de teatro não podem justificar a morte de milhares de ciclistas e o luto de seus familiares e amigos. Basta de mortes no trânsito e de discursos de ódio.

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Aliança Bike – Associação Brasileira do Setor de Bicicletas  

 

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