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Um país na contramão
Por Sérgio Avelleda.
Imagine que o ministro dos Transportes de um país qualquer receba em audiência um engenheiro muito conhecido por sua competência e capacidade de inovação. Na conversa, o tal engenheiro apresenta um veículo absolutamente revolucionário: barato, não poluente, fácil de dirigir. Ao final do encontro, o inventor acrescenta o que considera um “detalhe”: sua estimativa é de que 1,3 milhão de pessoas serão mortas por ano caso o novo modelo passe a transitar pelas ruas, e outras milhões ficarão com sequelas para o resto da vida. A não ser que o ministro se revele, assim como o engenheiro, um sociopata cruel e perigoso, a proposta será imediatamente classificada como “criminosa” – e seu proponente acabará expulso da sala de reunião sem qualquer delicadeza. Alguma dúvida?
Na teoria, ninguém de bom senso aceitaria uma solução de transporte que provocasse tantas desgraças. Na prática, entretanto, é o que temos feito como sociedade: aceitamos, passivamente, que o trânsito continue matando e mutilando milhões de pessoas, quando não lhes impõem sequelas, todos os dias, meses e anos pelos quatro cantos do planeta.
Publicação original
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- Veículo: Piauí Folha de S. Paulo
- Data de publicação original: 05/04/2022
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