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O que o Governo Federal pode fazer pela mobilidade?

Por Felipe Alves

Passado o segundo turno das eleições presidenciais, com bloqueios de estradas pelos derrotados, e o discurso do vitorioso citando importantes questões ambientais, vou elencar algumas ações que o Governo Federal poderia tomar a favor da mobilidade. O setor de transportes é um dos maiores responsáveis por emissões de gases de efeito estufa, e dentro do setor mais de 70% das emissões são provenientes dos veículos rodoviários, que são os mais fáceis de solucionar.

Um país das dimensões do Brasil não poderia ter a maior parte das cargas transportadas por caminhões, o desenvolvimento das estradas e sucateamento das ferrovias foi uma escolha política de décadas atrás, que deve ser corrigido. Se não fôssemos tão dependentes do transporte rodoviário, também evitaríamos problemas com fechamentos das estradas. A eletrificação da frota do transporte público também contribuiria muito para a redução de emissões, já que boa parte da nossa geração de energia elétrica vem de fontes renováveis. A violência no trânsito é uma das principais causas de mortes no país, especialmente entre os jovens.

É ainda responsável por ocupar cerca de 70% dos leitos dos hospitais, e causa um prejuízo estimado em R$ 50 bilhões por ano à população. Mudanças no Código de Trânsito Brasileiro – especialmente no que diz respeito às velocidades máximas permitidas – mais fiscalização e monitoramento nas estradas, e várias outras ações já indicadas nos diversos planos de segurança viária, podem tornar as vias mais seguras para todos e reduzir consideravelmente as mortes. Temos desde 2012 uma Política Nacional de Mobilidade Urbana, que “tem por objetivo contribuir para o acesso universal à cidade”, e estabelece diversos princípios, diretrizes e objetivos, mas que raramente são seguidos.

“Obriga” os municípios com mais de 20 mil habitantes a terem um plano de mobilidade, mas não cobra. Não temos mais um ministério responsável pelas cidades, e nem orçamento específico para a mobilidade urbana. Estes são apenas alguns pontos possíveis de melhorar, várias entidades podem indicar muitos mais, com a necessária abertura do diálogo com a sociedade civil.

 

Felipe Alves é engenheiro civil e atua com mobilidade urbana sustentável. Ex diretor da UCB – União de Ciclistas do Brasil, é coordenador do GT Infraestrutura da UCB e do projeto Ciclomapa (UCB e ITDP).

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Artigo de Opinião enviado pelo autor para publicação no Observatório da Bicicleta, publicado originalmente em Opinião Direto ao Ponto.

 

 

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