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Clube de Cicloturismo: 22 anos de pioneirismo no debate e implementação de circuitos

Eliana Garcia e Rodrigo Telles, fundadores do Clube de Cicloturismo, falam sobre como tudo começou.

No mês passado, Timbó (SC) foi declarada a capital nacional do Cicloturismo. A cidade, localizada na região médio vale do Itajaí, é o ponto de partida e de chegada do Circuito do Vale Europeu, que é a primeira rota de cicloturismo implementada no Brasil. Foi em 2006 e entre a ideia e a implantação se passaram pouco mais de sete meses.

Os responsáveis por isso são Eliana Garcia e Rodrigo Telles, cicloturistas com muitos quilômetros acumulados nas pernas de viagens pelo Brasil e pelo mundo e também fundadores do Clube de Cicloturismo, uma organização que surgiu em 2001 com o objetivo de difundir e incentivar a prática das viagens por bicicleta. Um dos eventos mais importantes organizados pelo Clube é o encontro anual, que reúne ciclistas de todo o Brasil para ouvir palestras e relatos, fazer oficinas sobre o tema e rolês juntos.

Naquele ano, o estado de Santa Catarina convidou o Clube para sediar o evento. Era março, quando Eliana e Rodrigo chegaram a Timbó para uma visita técnica. “Percorremos toda a região para criar quatro roteiros para o encontro, mas ao final tivemos a ideia de sugerir um circuito passando pelas nove cidades”, lembra ela. “Sugerimos ao responsável de turismo e ele topou na hora!”

Criar e implantar uma rota de cicloturismo era novidade para o Brasil e também para o Clube. “A gente tinha experiência em viajar, fazer roteiros, guiar cicloturistas, escrever sobre cicloviagens, mas não criar e sinalizar uma rota”, explica Rodrigo. Os dois voltaram a Timbó em julho para fazer a documentação fotográfica, planejamento da rota, que dependia dos mapas, que eram todos de papel.

Além disso, os dois fizeram, juntamente com a associação turística do Vale Europeu, toda articulação e convencimento para a adesão de estabelecimentos de hospedagem e alimentação ao longo dos mais de 300 km do circuito.

O fato é que, em novembro de 2006, o circuito foi inaugurado durante o encontro e, como eles costumam dizer, ainda com a tinta fresca. “A sinalização se resumia às placas nas entradas dos municípios e as setas amarelas. Uma pessoa largou na frente do grupo e foi sinalizando as que faltavam.” O Vale Europeu segue sendo um sucesso, tanto que o Clube foi chamado novamente em Santa Catarina para desenvolver outros dois roteiros: Circuito Costa Verde & Mar, em 2009, e Circuito das Araucárias, em 2012.

Os dois explicam que jamais pensavam em fazer esse tipo de trabalho e que, inclusive, no começo a ideia de viajar por rotas sinalizadas não lhes agradava muito. Sempre preferiam a ideia de planejar e trilhar os próprios caminhos. “Mas começamos a perceber que nas palestras dos clube, as pessoas se animavam com as histórias das nossas viagens, porém quando o tema era o Caminho de Santiago, o interesse aumentava muito”, lembra Rodrigo. “Entendemos que a criação de roteiros sinalizados era uma maneira de beneficiar muitas pessoas.”

Desde o fim da pandemia, o Clube de Cicloturismo ainda não retomou as atividades regulares, como os encontros, e os trabalhos estão sendo realizados em outras frentes. Segundo Eliana, o cicloturismo vive hoje um momento bem diferente daquele início, quando era preciso divulgar as viagens de bicicleta e convencer de que eram possíveis. “Os cicloturistas estão convencidos e o número de praticantes só cresce”, diz Eliana. Para ela, o momento agora é de olhar com atenção e apoiar o crescimento dos roteiros e circuitos que estão surgindo em todo o país.

Eliana e Rodrigo fazem parte do grupo técnico que está elaborando as diretrizes do primeiro manual de sinalização para trilhas de cicloturismo e de ciclismo de montanha, uma iniciativa da Aliança Bike, em parceria com a Rede Trilhas e o Observatório do Cicloturismo, com o apoio dos Ministérios do Turismo e do Meio Ambiente e Mudança do Clima.

Inspire-se, a seguir, nas viagens que a dupla faz junto desde 1997.

 

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