Para além da bicicleta: a organização e atuação da mobicidade em Porto Alegre
Tipo de publicação
Trabalho acadêmico (Tese de doutorado)
Curso ou área do conhecimento
Ciências Humanas
Tipo de autoria
Pessoa Física
Nome do autor
Prolo, Felipe
Língua
Português
Abrangência geográfica
Municipal
País
Brasil
Estado
Rio Grande do Sul
Município
Porto Alegre
Ano da publicação
2019
Palavra chave 1
Bicicletada
Palavra chave 2
Cicloativismo
Palavra chave 3
Massa crítica
Palavra chave 4
Segurança viária
Descrição
A presente tese trata do ativismo voltado para a promoção do uso da bicicleta como meio de transporte na cidade de Porto Alegre, a partir da aproximação com uma entidade da sociedade civil chamada Mobicidade desde o ano de 2015. Entidade esta que surgiu em 2012, após o incidente de atropelamento de vários participantes de uma edição da Massa Crítica ocorrida na cidade em 2011. Tal surgimento envolveu o entendimento da necessidade de haver um ator político que pudesse representar a causa no plano burocrático frente ao Estado. A Mobicidade, que possui membros que atuam voluntariamente, busca promover a mobilidade em bicicleta, fazendo parte do que se pode denominar como “rede cicloativista” atuante na cidade. Ao mesmo tempo, a entidade apresenta uma proposta de organização interna baseada nos pressupostos de “consenso” e de “horizontalidade”, o que lhe confere semelhanças em relação a parte de outras formas de engajamento voltadas para a bicicleta na cidade, e também em relação a outras formas de ativismo contemporâneos, nos quais analiticamente se tem identificado uma perspectiva política anarquista. Em uma abordagem que envolve uma reflexão sobre o ambiente urbano e movimentos sociais, foi realizada uma pesquisa etnográfica na qual acompanhou-se o cotidiano da associação, assim como as relações estabelecidas com outras iniciativas “pró-bicicleta” e com outros atores políticos, como as representações da prefeitura municipal. Como resultado, apresentou-se a atuação e a preocupação dos membros da entidade com relação a outras formas de “mobilidade ativa”, se destacando a pedestre, ampliando o horizonte para além da bicicleta, o que impõe considerações sobre a noção de “cicloativismo” para a compreensão de tais processos de engajamento político, trazendo também perspectivas sobre cidade e cidadania na concepção dos interlocutores. De forma aliada, a pesquisa também traz à tona uma discussão sobre a mobilidade na cidade, inclusive em bicicleta, em regiões periféricas e por camadas desfavorecidas da população local, contestando o caráter elitizado que tem sido atribuído a essa forma de ativismo e evidenciando uma negligência sobre a perspectiva de classe em relação à mobilidade em bicicleta por parte do Estado, da mídia e mesmo das Ciências Sociais. A partir da heterogeneidade identificada de sujeitos e ações na pesquisa realizada, este trabalho problematiza algumas interpretações sobre ativismos contemporâneos que envolvem a promoção da bicicleta.