Pandemia traz ‘boom’ da bicicleta em cidades americanas improváveis
Tipo de publicação
Artigo
Curso ou área do conhecimento
Políticas Públicas
Veículo
Bloomberg
Tipo de autoria
Pessoa Física
Nome do autor
Laura Bliss/ Mobilize (tradução
Língua
Português
Abrangência geográfica
País estrangeiro específico
País
Estados Unidos
Ano da publicação
2020
Palavra chave 1
Comércio
Palavra chave 2
Coronavírus
Palavra chave 3
Economia
Palavra chave 4
Pandemia
Descrição
Pandemia traz ‘boom’ da bicicleta em cidades americanas improváveis
Los Angeles e Houston (EUA) nunca foram “capitais” do ciclismo. Mas, com a chegada da Covid-19, as duas cidades e várias outras vivem aumento no número de bikes nas ruas
Fonte: Bloomberg | Autor: Laura Bliss/ Mobilize (tradução) | Postado em: 30 de setembro de 2020
Ciclistas em avenida de Los Angeles, EUA
Ciclistas ocupam avenida de Los Angeles, EUA
créditos: Amanda Edwards/Forbes
Com os efeitos do aquecimento do planeta, somados à pandemia da covid-19, poucas boas notícias nos trouxeram este ano de 2020. As duas crises, no entanto, prepararam o caminho para ao menos uma mudança social positiva: o ‘boom’ das bicicletas, inclusive em lugares improváveis.
Novos dados do Strava, o aplicativo de rastreamento de condicionamento físico usado por 68 milhões de usuários globais, mostram que várias cidades dos Estados Unidos viram um crescimento significativo, ano a ano, das viagens por bicicleta e na quantidade de ciclistas. E grande parte desse aumento, a partir de 2020.
Entre as seis cidades americanas que despontam nos dados da Strava – Houston, Portland, Los Angeles, Chicago, Washington e Nova York – destacam-se duas: Houston (Texas) e Los Angeles (Califórnia). São duas importantes metrópoles, onde apenas 0,5% e 1% das respectivas populações pedalavam para trabalhar em tempos pré-pandêmicos.
Em Houston, o volume total de viagens a pedal foi 138% maior em maio deste ano do que no mesmo mês em 2019. Em Los Angeles, o salto foi de 93%. Essas duas cidades, mais que outras nos EUA, também viram aumentos de ciclistas em abril, o primeiro mês inteiramente vivido sob a determinação de ficar em casa e de paralisações na atividade econômica.
Por sua vez, entre as outras grandes cidades americanas que também viram mais gente pedalando durante esta primavera-verão [período de abril até fim de setembro], vale citar o caso de Nova York. Lá, houve até uma queda nas viagens em abril, mas nos meses seguintes o crescimento no ciclismo foi constante, sendo que em julho, na comparação anual, esse aporte foi de quase 80%. Também Chicago viu aumentos significativos em julho, embora mais modestos, da ordem de 34%.
Indicadores
Os números refletem todas as viagens de bicicleta feitas por usuários da Strava nessas cidades, tanto para exercício e lazer quanto para fins utilitários. Embora o aplicativo seja mais conhecido como uma ferramenta para entusiastas do fitness, um porta-voz da Strava Metro, a divisão que forneceu os dados, disse que os usuários estão cada vez mais registrando viagens para o trabalho, escola, recados, instalações de saúde e outros destinos essenciais.
Uma pesquisa dos Centros de Controle de Doenças dos EUA, comparando os usuários do Strava que rastreiam suas bicicletas e caminhadas no aplicativo com os dados de deslocamento do U.S. Census Bureau, avalia que o Strava é um indicador confiável de como a população em geral se move.
Na semana passada, a empresa anunciou que uma plataforma web que agrega e analisa as viagens da Strava a pé ou de bicicleta agora pode ser usada gratuitamente por planejadores urbanos, prefeituras e por aqueles que se candidatam para defender a segurança nas ruas [medida prevista nos EUA].
Os dados do aplicativo confirmam outros de relatórios sobre as mudanças na mobilidade urbana no período da pandemia. Os registros indicam que, ao mesmo tempo em que houve queda no uso do transporte público, os estoques das lojas de bicicletas se esgotaram, assim como aumentou o compartilhamento de bicicletas em localidades como Nova York e Londres, na Inglaterra.
Outro dado a se destacar é que estas seis cidades americanas faziam parte também de uma tendência nacional na covid-19 de criação de “ruas calmas” ou de “ruas seguras”, espaços onde os governos limitaram o acesso de veículos e liberaram área para pedestres, ciclistas e para lazer ao ar livre.
Os dados também destacam a influência que fatores como o clima podem ter no ciclismo. O calor recorde em janeiro e fevereiro de 2020 pode ser a melhor explicação para o fato de Nova York, Washington e Chicago registrarem aumentos nas viagens de bicicleta antes mesmo do início da pandemia, afirmou Ken McLeod, diretor de políticas da League of American Bicyclists (organização nacional de ciclistas nos EUA).
Entre as seis cidades, a exceção fica com Portland, que em alguns meses, na comparação com 2019, não registrou aumentos no volume de viagens de bicicleta, nem em mais grupos de ciclistas pelas ruas, no ranking do Strava. Vale dizer que Portland, que aparece regularmente em listas de cidades amigas do ciclismo, também teve um grande aumento nas viagens de bicicleta em fevereiro. Mas o que levou a quedas, na comparação ano a ano, em maio, junho e julho, ainda não está claro.
Uma explicação levantada é que ela já era uma das principais cidades para o ciclismo no país, o que torna os ganhos percentuais substanciais mais difíceis de se alcançar. O Strava não forneceu números brutos que mostrariam os ganhos e perdas absolutos em cada cidade.