Milão anuncia plano para reduzir uso do carro após a quarentena

Tipo de publicação

Artigo

Curso ou área do conhecimento

Mobilidade urbana

Veículo

THE GARDIAN

Tipo de autoria

Instituição da Sociedade Civil

Nome do autor

MOBILIZE BRASIL (TRADUÇÃO)

Língua

Português

Abrangência geográfica

País estrangeiro específico

País

Itália

Ano da publicação

2020

Palavra chave 1

Coronavírus

Palavra chave 2

DESISTIMULO DO CARRO

Palavra chave 3

Pandemia

Palavra chave 4

Planejamento

Descrição

Milão anuncia plano para reduzir uso do carro após a quarentena
Plano “Ruas Abertas” começa a ser implantado em maio em bairro histórico, e inclui ciclovias, calçadas ampliadas e prioridade para pedestres e ciclistas
Fonte: The Guardian | Autor: Regina rocha/ Mobilize Brasil (tradução) | Postado em: 24 de abril de 2020

Milão após a covid-19: mais espaço a pedestres e c
Milão após a covid-19: mais espaço a pedestres e ciclistas

créditos: Prefeitura de Milão
Milão, cidade ao norte da Itália, anunciou um plano ambicioso para enfrentar o período pós-crise do coronavírus. A proposta das autoridades é tirar espaço aos carros nas vias, e deixar essas áreas para as pessoas poderem pedalar ou caminhar com segurança e tranquilidade.

A capital da Lombardia, e toda a região do entorno, estão entre as localidades mais afetadas pelo surto da covid-19 na Itália. Por outro lado, durante o período de isolamento social, apresentou queda no trânsito de veículos e nos congestionamentos (de 30 a 75%), o que trouxe uma redução significativa da poluição do ar. Vale lembrar que Milão é uma das cidades mais poluídas da Europa.

Mas agora, com o retorno ao trabalho, o receio das autoridades é que possa haver um retrocesso na qualidade do ar com a volta ao uso do carro, já que os moradores tenderão a evitar as aglomerações do transporte público.

Diante disso, a cidade não perdeu tempo e anunciou 35 km de ruas que serão transformadas em espaços para a mobilidade ativa. O que deve começar a ser feito antes mesmo da chegada do verão em junho.

Segundo a prefeitura, a expansão experimental das ruas da cidade para a bicicleta e a caminhada será feita rapidamente. A expectativa é que, desse modo, a população possa se sentir protegida de novas infecções no momento em que as restrições ao deslocamento forem suspensas.

Pedestres e ciclistas

O plano “Ruas Abertas”, anunciado no início desta semana, será implantado em um bairro histórico (Lazzaretto), e inclui ciclovias de baixo custo, pavimentos novos e ampliados, limites de velocidade de 30 km/h, e ruas prioritárias para pedestres e ciclistas.

“Durante anos trabalhamos para reduzir o uso de carros na cidade. Se todo mundo dirige seu veículo, não há espaço para as pessoas, não há espaço para se mover, nem para atividades comerciais fora das lojas”, comentou o vice-prefeito Marco Granelli.

A intenção, segundo ele, é reabrir a economia, mas agora de maneira diferente: “Temos que reimaginar a cidade para essa nova situação [com o vírus]. Por isso é tão importante apoiar bares, artesãos e restaurantes de rua, para que, quando o perigo passar, cidades como Milão saiam em posição vantajosa”.

Modos ativos

Cidade pequena e adensada, com 15 km de extensão de ponta a ponta e 1,4 milhão de habitantes, dos quais 55% usam transporte público para chegar ao trabalho. Como o deslocamento médio das pessoas é inferior a 4 km, abre-se a possibilidade da troca do carro para modos ativos de viagem a muitos dos residentes, justifica o plano da gestão municipal.

As obras devem começar no início de maio em um trecho de 8 km da rua Buenos Aires, uma das vias comerciais mais importantes da cidade.

Nessa área será implantada uma nova ciclovia e as calçadas serão ampliadas. O restante do trabalho deve ser concluído até o final do verão, prevê a prefeitura.

Janette Khan

A ex-secretária de transportes de Nova York, Janette Sadik-Khan, vem trabalhando em Milão, e em outras cidades do mundo, como Bogotá (Colômbia), em programas de recuperação do transporte público.

Segundo ela, o fato de Milão estar cerca de um mês à frente de outras localidades na trajetória mundial da pandemia, deixa a cidade italiana na condição de fornecer um roteiro para cidades como Nova York, por exemplo, entre outras.

“Devemos lembrar que muitas cidades, e até países, foram definidos pelo modo como responderam às forças históricas, seja na sua reconstrução política, social ou física”, ensina Khan.

“O plano de Milão é importante porque apresenta um bom manual de como se redefinir uma cidade agora. É uma oportunidade única essa de conferir um novo olhar às ruas e garantir que elas estejam prontas para alcançar os resultados que desejamos: não apenas movendo carros de um ponto A a um ponto B, mas possibilitando que todos ali se movimentem com segurança”, disse a urbanista.

Outro dirigente da prefeitura de Milão, Pierfrancesco Maran, considera que mais um mês a cidade, e também a Itália e a Europa, estarão decidindo outras perspectiva urbanísticas para a próxima década: “Antes, planejávamos para o ano de 2030; agora, entramos numa nova fase, e estamos pensando em 2020 mesmo. Em vez de pensar no futuro, temos que imaginar o tempo presente.”

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