Descrição

Em 2012 os movimentos que tratavam
do direito à cidade fervilhavam pelo
país. No Recife, Bicicletada, Cicloação,
Bike Anjo, Bike Polo e tantos outros
estavam fortes na luta por melhores
condições de se viver na urbe. A
Bicicletada (também conhecida como
Massa Crítica), por exemplo, contava
com saídas frequentes com 100, 200
e até 300 participantes, ocupando as

ruas com pessoas e bicicletas, e ema-
nando gritos de «mais amor e menos

motor». Além disso, a horizontalidade
do movimento-evento trazia as diversas
correntes de cicloativismo em uma só
luta por mais espaço e segurança para
quem pedala.

Do burburinho se escutava a possibi-
lidade da criação de uma associação

de ciclistas para organizar a luta. O
som se intensificou quando perdemos
três ciclistas em um intervalo de uma
semana. Não conhecíamos as pessoas
falecidas, mas a Massa chorou cada uma
das vidas perdidas no trânsito. Afinal,
quando um de nós se vai, também
morremos um pouco. Aquele foi um
momento para agir, fazer do luto, luta.
Já tínhamos o movimento de massa, o
coletivo de ações diretas, o grupo para
colocar mais ciclistas na rua, os jogos/
esportes/ocupações da subcultura da
bicicleta; nos faltava a organização
institucional. A ocupação desse espaço
abriria a possibilidade para a luta
ganhar mais uma frente de ação.