Estudos Estratégicos O desafio da mobilidade urbana

Tipo de publicação

Livro

Tipo de autoria

Instituição pública

Nome do autor

CÂMARA DOS DEPUTADOS

Língua

Português

Abrangência geográfica

Nacional

País

Brasil

Ano da publicação

2015

Palavra chave 1

mobilidade urbana

Palavra chave 2

Planejamento

Palavra chave 3

Políticas Públicas

Descrição

O planejamento urbano transformou-se em tarefa extremamente complexa, por causa do
crescimento exagerado das metrópoles e da sofisticação da vida moderna, baseada num
número crescente de demandas e diversificação da produção, do trabalho e do consumo.
A criação de áreas residenciais distantes dos centros econômicos produziu grandes assimetrias,
que acabam sobrecarregando os sistemas de transporte. Uma concepção mais
ampla do problema mostra que é preciso integrar melhor as regiões urbanas, de tal forma
que as moradias estejam mais próximas dos locais de trabalho e de uma ampla rede de
oferta de bens e serviços, para minimizar a necessidade de deslocamentos constantes.
A descentralização e a integração entre planejamento e gestão se tornaram imprescindíveis
para que as cidades se tornem viáveis para seus habitantes: precisamos fazer uma
revisão completa do estilo de vida que produziu o congestionamento das ruas e a insatisfação
crescente das pessoas, irritadas com o tempo gasto no trânsito, a falta de vagas
e o custo abusivo dos estacionamentos.
A compra do carro próprio transformou-se em símbolo de ascensão social e foi amplamente
celebrada por causa disso. E poderia continuar sendo ainda por muito tempo,
não fosse um obstáculo que se impôs de forma assustadora: a falta de espaço. As cidades
brasileiras, sobretudo as maiores, estão literalmente paradas. Por mais que se alarguem
as ruas, em horários de pico ninguém consegue sair do lugar. Em muitos casos, as filas
começam na saída da garagem.
Agora o País tem pela frente um nó gerencial de difícil solução e que irá demandar a atuação
conjunta entre várias áreas de planejamento e entre os diversos entes da Federação.
De nada adiantará buscar soluções isoladas para um problema relacionado à própria
concepção de desenvolvimento urbano e às escolhas que dizem respeito à matriz econômica,
ocupação do solo, programas habitacionais, meio ambiente e saúde humana.
O processo que se iniciou com forte migração interna, ou seja, com deslocamento de populações
entre as regiões do País, agora coloca em evidência a questão do deslocamento
dentro do espaço urbano. E num momento em que a ascensão econômica de grupos sociais importantes traz para a agenda nacional uma questão política significativa:
quem ascendeu não vai querer descer facilmente.
A questão da mobilidade urbana está, portanto, inserida num contexto político maior
em que a qualidade de vida de parcela expressiva da população está sendo comprometida
pelos obstáculos crescentes à locomoção urbana. A dificuldade de acesso ao local de
trabalho cria um custo e uma insatisfação explosivos.
União, estados e municípios estão sendo pressionados para oferecerem soluções rápidas
e duradouras para o transporte de massas. Mas os investimentos têm alto custo e, em
alguns casos, exigem um tempo longo de maturação. No meio do processo, existem
eleições em todos os níveis e uma cobrança cada vez maior dos eleitores.
As dificuldades para reunir informações e tratá-las de forma integrada é proporcional
ao tamanho do desafio que se coloca para os atuais formuladores de políticas públicas
no que diz respeito à mobilidade urbana. É preciso visualizar caminhos que orientem o
crescimento econômico na direção de novas prioridades e conquiste o apoio da população
para mudanças que terão custos e exigirão criatividade e capacidade de adaptação.
O fato é que estamos diante de uma questão muito séria, que exige respostas inovadoras
do Parlamento, dos gestores públicos e dos próprios cidadãos. Quanto mais demorarmos
para equacionar as variáveis complexas e por vezes contraditórias desse problema,
maiores serão os riscos de que a imobilidade urbana se transforme em paralisia política.

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