Belo Horizonte, as bicicletas e a utopia como estratégia de luta : uma cicloviagem pela contínua busca para transição ciclável na capital mineira e um olhar sobre a experiência de Fortaleza

Tipo de publicação

Trabalho acadêmico (Dissertação de Mestrado)

Curso ou área do conhecimento

Geografia

Tipo de autoria

Pessoa Física

Nome do autor

Guilherme Lara Camargos Tampieri

Língua

Português

Abrangência geográfica

Nacional

Ano da publicação

2020

Palavra chave 1

Cicloativismo

Palavra chave 2

História

Palavra chave 3

Políticas Públicas

Palavra chave 4

utopia

Descrição

Iniciamos essa cicloviagem apresentando as ferramentas utilizadas pelo autor ao longo de quase 15 anos de militância, defendendo e promovendo a mobilidade urbana por bicicleta em Belo Horizonte e em outras cidades do Brasil: pedalar pelas ruas, realizar ações diretas em espaços públicos, estruturar e executar processos de incidência nos poderes Legislativo e Executivo e realizar pesquisas sobre o tema.

A partir daí, nasce o desejo do autor de realizar uma pesquisa, trazendo diversas lentes pelas quais se pode ler, entender e sistematizar o que neste trabalho será chamado de Politica da Bicicleta – ou todo o conjunto de políticas, planos, programas e medidas que promovem o uso da bicicleta como parte do sistema de mobilidade de um dado território.

O primeiro capítulo traz os problemas de pesquisa e caminhos pedalados pelo autor, objetivos da pesquisa, a estrutura do trabalho e a metodologia.

O segundo capítulo traz uma abordagem transescalar, do corpo do autor à discussão internacional, sobre a mobilidade por bicicleta, percorrendo-se um longo trajeto sobre como as cidades foram produzidas ao longo do século XX e XXI para acolher os automóveis, num processo que excluiu as bicicletas e ciclistas das ruas. Ao final do capítulo, entende-se como as cidades, especialmente pelo protagonismo de movimentos e organizações sociais, (re)lançaram luz à Política da Bicicleta e contribuíram para o que Olivier Razemon chamou de “transição ciclável”.

Em seguida, apresenta-se a Caixa de Ferramentas (capítulo 3), com objetivo de expandir as possibilidades de leitura sobre a política da bicicleta, destacando-se duas delas: as dimensões de medidas que devem compor uma Política da Bicicleta – Hardware (Infraestrutura), Orgware (Governança) e Software (Medidas Suaves), de Harms et al.; e o Système Vélo, ou Sistema Bicicleta, conceito elaborado por Frédéric Héran, que traz uma série de componentes que, juntos, fazem o Sistema, e podem contribuir para aumentar a utilização da bicicleta nas cidades.

Com o conjunto de ferramentas em mãos, parte-se para o capítulo 4, fazendo-se uma análise histórica de como Belo Horizonte, de 2005 até 2020, produziu seus Sistemas Bicicleta, como um palimpsesto, percorrendo desafios, avanços e retrocessos vividos na capital mineira, numa narrativa apaixonada, contada majoritariamente a partir de vozes de organizações e movimentos sociais que buscam suas utopias de cidade – ou cidades utópicas. Em seguida, no mesmo capítulo, faz-se um cotejamento do processo histórico de Fortaleza, cidade referência nacional no estímulo ao uso da bicicleta, como contranarrativa ao que se passou em Belo Horizonte.

Após percorrido o trajeto, valendo-se de outros instrumentos metodológicos, como pedido de acesso à informação, entrevistas com atores locais e pesquisas em fontes públicas de informação, chega-se à conclusão que vários são os elementos de um Sistema Bicicleta que podem pesar positiva ou negativamente no resultado final de uma política da bicicleta. A adoção da caixa de ferramentas como instrumento metodológico de análise foi importante para adentrar os Sistemas Bicicleta de Belo Horizonte e Fortaleza, expondo-os em suas fraquezas, forças e desafios a serem superados.

Concluiu-se que Belo Horizonte, referência em planejamento da mobilidade, foi incapaz de gerir sua política, seguir seus objetivos e alcançar suas metas para a mobilidade por bicicleta. Fortaleza ainda tem grandes desafios na produção do espaço urbano no que diz respeito à mobilidade (por bicicleta), incluindo e excluindo a bicicleta em um movimento cotidiano e contraditório no planejamento e gestão da mobilidade urbana.

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