No fim de 1990 em Porto Velho (Rondônia), levávamos 8 minutos de carro entre a nossa casa na zona sul e a escola na qual estudava no centro da cidade. Numa breve consulta no aplicativoGoogle Maps hoje, leva-se 16 minutos para percorrer os mesmos 7 km. Vimos que o predomínio dos deslocamentos de transportes individuais tem implicado enormes problemas na cidade e para essas problemáticas, devemos adotar políticas públicas voltadas para uma mobilidade urbana mais eficiente, ativa e democrática. Entretanto, com frequência o termo mobilidade tem sido equivocadamente utilizado e apropriado para beneficio de setores do mercado ou mesmo do poder público. Este fato pode ser identificado em especial em campanhas publicitárias promovidas por montadoras automotivas ou por outros setores da sociedade. Nelas prevalece um ideário distante da grande parcela da população que possui menores faixas de renda, com fins econômicos e financeiros. Para materializar este ideário utilizam impropriamente os termos mobilidade e transporte, como se ambos fossem sinônimos.

Para Elson M. Pereira, Professor Titular da Universidade Federal de Santa Catarina, há uma diferença entre transporte e mobilidade. Enquanto transporte é o movimento de pessoas ou mercadorias com utilização de meios de transportes individual ou coletivo, mobilidade urbana é um atributo do território que diz respeito ao acesso fácil a diferentes áreas de uma cidade [1]. Então, pode-se dizer que transporte e mobilidade são personagens do mesmo sistema urbano e que estão conectados entre si no tempo e no espaço, no entanto, os problemas advindos dessa relação são preocupantes. O deficiente gerenciamento do transporte em suas diferentes modalidades (rodoviária, ferroviária, marítima e aérea) ocasiona sérias consequências no sistema de mobilidade, algumas mais graves como os grandes congestionamentos e a demora nos deslocamentos.