Lisboa O desenho da rua – Manual de apoio a projeto e obra de espaço público

Tipo de publicação

Manual

Tipo de autoria

Instituição pública

Nome do autor

Câmara

Língua

Português

Abrangência geográfica

País estrangeiro específico

País

Portugal

Ano da publicação

Sem data

Palavra chave 1

Desenho

Palavra chave 2

Infraestrutura

Palavra chave 3

Planejamento Urbano

Descrição

Porquê redesenhar o Espaço Público?
O carácter da cidade é o reflexo da forma como os cidadãos, de todas as
gerações e classes sociais, utilizam o espaço público. Cultura, tradições,
usos e costumes, mas também conflitos no modo como são utilizadas as
ruas, os largos e os jardins, revelam o carácter da cidade
Nos últimos 150 anos três inovações tecnológicas revolucionaram as
cidades: o elevador, o automóvel e o frigorífico. O primeiro permitiu o
crescimento em altura e a densificação dos centros urbanos. O segundo
atenuou as distâncias, assegurou a liberdade de movimento, acelerou a
vida urbana e alastrou a cidade para novos territórios. o terceiro trouxe
autonomia às famílias tornando-as menos dependentes da aquisição
diária de alimentos frescos. A conjugação do automóvel com o frigorífico
permitiu o abastecimento mensal, impulsionando o aparecimento das
grandes superfícies isoladas nas periferias urbanas, rodeadas de grandes
parques de estacionamento. Esta metamorfose alterou costumes, hábitos e
relações sociais.
Após a ii Guerra Mundial, a democratização do automóvel mudou
radicalmente os padrões de mobilidade urbana. Da densificação resultante
da construção em altura passou-se à especialização, com novas áreas
centrais mono funcionais que vieram substituir os centros históricos como
o verdadeiro centro da cidade. Em Lisboa o centro migrou da Baixa-Chiado
para norte do Marquês de Pombal. As relações de vizinhança nos modernos
conjuntos residenciais, em que se entra de carro pela garagem, perderam
consistência. A emergência das grandes superfícies comerciais na periferia
puseram em crise o comércio de proximidade. A vida urbana tornou-se
mais individualista, perdendo-se a coesão social e territorial da cidade
como um todo
no século XX o automóvel tomou conta do espaço público. Era preciso
andar rápido e os padrões de segurança eram avaliados principalmente
à medida do automobilista. As faixas de rodagem alargaram e ocuparam
cada vez mais espaço, os passeios encolheram, por todo o lado os espaços
livres deram lugar a vagas de estacionamento. os novos bairros foram
projetados com ruas cada vez mais largas e, para descongestionar as
áreas centrais ou criar grandes eixos de penetração, construíram-se vias
rápidas e viadutos e rasgaram-se túneis ao longo da cidade. A rua, que até
então era partilhada pelos vários modos de locomoção, foi espartilhada em
canais reservados e segregados. Surgiu uma nova especialidade a projetar
a cidade: a engenharia de tráfego.
Mas como a oferta induz a procura, vias de maior capacidade e mais
lugares de estacionamento atraíram ainda mais carros para as cidades,
que, como tal, estão cada vez mais congestionadas. Lisboa não é exceção.

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