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Rede Urbanidade lança revista sobre mobilidade sustentável

Edição de estreia da publicação discute os desafios do excesso de velocidade e propõe soluções para o problema

A população do Distrito Federal ganhou, nesta quarta-feira, 1º de fevereiro, mais um espaço de debate sobre mobilidade sustentável: é a Revista Urbanidade, lançada em evento realizado na sede do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Além de integrantes da Rede Urbanidade, responsável pela publicação, participaram do lançamento ativistas, representantes do poder público e da sociedade civil, acadêmicos e jornalistas.

O promotor de Justiça Dênio Augusto de Oliveira Moura, coordenador da Rede Urbanidade, lembrou a campanha “Paz no Trânsito”, que resultou em uma mudança de comportamento dos motoristas em relação à faixa de pedestres, para defender que é possível mudar hábitos enraizados. “Esse avanço civilizatório só foi possível porque pessoas acreditaram e lutaram para torná-lo realidade. Outras situações permanecem à espera de tratamento semelhante”, afirmou.

O vice-procurador-geral de Justiça, Antonio Marcos Dezan, lembrou as 198 mortes no trânsito ocorridas de janeiro a setembro de 2022 no Distrito Federal para defender uma mudança de paradigma. “A gestão da velocidade é uma das principais formas de combater a violência no trânsito”, disse. O procurador distrital dos Direitos do Cidadão, Eduardo Sabo, destacou que, em sua atuação, recebe com frequência demandas relacionadas à mobilidade urbana. “Não há melhor maneira de se chegar a soluções do que trazer a sociedade civil para o debate”, defendeu.

Além de integrantes do MPDFT, participaram da cerimônia o secretário de desenvolvimento urbano e habitação, Mateus Leandro de Oliveira, o secretário de transporte e mobilidade, Valter Casimiro Silveira, o deputado distrital Max Maciel, o juiz da Vara do Meio Ambiente, Desenvolvimento Urbano e Fundiário, Carlos Frederico Maroja, a comandante-geral do Corpo de Bombeiros, Mônica de Mesquita Miranda, o comandante do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar, André Luiz Caldas, o diretor-Geral do Detran-DF, Francisco Saraiva, o diretor-geral do DER-DF, Fauzi Nacfur Júnior, e o oficial de promoção de negócios da Embaixada da Suécia no Brasil, Leandro Melo Rocha.

 

Mudança

O lançamento da revista foi uma oportunidade para reunir profissionais e lideranças ligadas aos temas de mobilidade urbana. O professor David Duarte Lima, presidente do Instituto Brasileiro de Segurança no Trânsito (IBST) proferiu a palestra “Trânsito: convivência democrática e segura”. Segundo ele, por ano, ocorrem 35 mil mortes relacionadas ao trânsito no país. ”Desde a promulgação do atual Código de Trânsito, 1 milhão de brasileiros já perderam a vida. O que fazer?”, questionou.

A resposta, de acordo com o especialista, passa por uma mudança fundamental. “O grande matador no nosso trânsito é a velocidade”, disse. Para ele, os principais aspectos para o enfrentamento desse desafio são a redução da velocidade, a educação para o trânsito, a fiscalização e a criação de espaços de convivência para todos. “Esse é o nosso enorme desafio”, concluiu.

A ativista Maria Lúcia Rego Veloso, integrante da rede, também faz questão de participar das discussões sobre mobilidade urbana. Ela é cadeirante e defende que, para uma pessoa com deficiência, as condições mínimas para que uma cidade seja inclusiva e respeite o direito de ir e vir são a existência de acessibilidade, calçadas em boas condições e transporte urbano de boa qualidade. “A Revista Urbanidade dá um grande passo ao divulgar e reforçar essas premissas, além de proporcionar mais visibilidade à questão da mobilidade no Distrito Federal”, afirmou.

Segundo Ana Luiza Carboni, da União de Ciclistas do Brasil (UCB), a revista é bem-vinda por oferecer um canal de debate com potencial para influenciar a formulação de políticas públicas. “Precisamos começar por algum lugar e trabalhar hoje para conquistar as mudanças que desejamos para o futuro”. O professor Hartmut Günther, coordenador do Laboratório de Psicologia Ambiental da Universidade de Brasília (UnB), também destacou a necessidade de mudança. “Hoje, é inconcebível alterar a velocidade das vias. Precisamos vencer as resistências para que o impossível se torne desejável”, afirmou.

 

Desafios e soluções

O tema escolhido para a primeira edição da revista foi velocidade. Em matérias, entrevistas e artigos, o assunto foi tratado sob diferentes perspectivas. Além dos riscos envolvidos no excesso de velocidade, tanto do ponto de vista coletivo quanto das vítimas individuais, a publicação apresenta possíveis caminhos para o futuro da mobilidade no Distrito Federal. São discutidos os exemplos da Suécia, com seu programa Visão Zero, e de cidades que adotaram zonas de velocidade reduzida, como Santiago (Chile), Oxford (Inglaterra) e Amsterdã (Holanda).

A revista, que deve ser quadrimestral, está disponível gratuitamente em formato digital. A cada edição, integrantes da Rede Urbanidade e autores convidados debaterão temas relacionados à mobilidade sustentável e à atuação do grupo. Para acessar a publicação, clique aqui.

 

O que eles pensam

Veja o que dizem os integrantes da rede que participaram da elaboração da Revista Urbanidade:

O trânsito do Distrito Federal é desigual e muitas vezes violento com os menores e mais fracos. A injustiça fica evidente com os carros ocupando quase todo o latifúndio viário, enquanto pessoas se espremem nos ônibus, os ciclistas tentam uma beirada para pedalar e os pedestres enfrentam inúmeros obstáculos nas calçadas, quando existem. O infortúnio é maior para cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida que tentam driblar as barreiras viárias, muitas intransponíveis. Nesse cenário, eis que surge a Rede Urbanidade para ampliar o espaço democrático da mobilidade, assegurar a participação de todos no debate e garantir os direitos dos mais fracos. É uma flor que rompe o asfalto!

Prof. David Duarte (presidente do Instituto Brasileiro de Segurança no Trânsito)

Os debates da Rede Urbanidade são tão interessantes que resolvemos criar a revista para compartilhar com todas as pessoas os temas que discutimos. Por meio de uma linguagem acessível, ela é voltada para quem mora e sente “na pele” os problemas de mobilidade no Distrito Federal, e também para aqueles que se interessam pela área. Esperamos que a publicação possa aproximar as pessoas da temática da mobilidade e dos transportes, desenvolvendo uma postura crítica e proativa para a melhoria da nossa cidade.

Profa. Ingrid Neto (Centro Universitário do Distrito Federal – UDF)

Acredito que Brasília tem potencial para se desenvolver com relação à mobilidade urbana, muito além da faixa de pedestres. Se aprendermos a melhor respeitar pedestres, ciclistas, pessoas com mobilidade reduzida, bem como criar espaços seguros, confortáveis e acolhedores, conseguiremos usufruir da cidade mais intensamente, elevando a qualidade de vida de todos. A revista é um espaço para discutir esse tema de forma aprofundada e compartilhar ideias com a comunidade.

Marcelo Simas (servidor do MPDFT)

A velocidade atualmente praticada nas vias do Distrito Federal é incompatível com a segurança da vida humana, seja dos condutores, dos passageiros ou dos pedestres e ciclistas. Uma redução de apenas 10 km/h na velocidade máxima de uma via pode levar a uma queda próxima a 50% na letalidade de um sinistro de trânsito. Ou seja, morre menos gente ao custo irrisório do aumento de minutos no tempo de trajeto. Então, por que não? Por que não reduzir a velocidade das vias e promover o transporte público coletivo? Nosso desafio é trazer esse debate ao dia a dia de todos os que querem uma “cidade para pessoas”, na feliz expressão cunhada pelo urbanista Jan Gehl.

Rosana Baioco Pereira e Silva (Bike Anjo DF)

A velocidade é inimiga da vida. Ela é responsável por mais de 50% das mortes no trânsito. Esse é um tema urgente para discussão no Distrito Federal, que foi concebido em uma visão rodoviarista, já ultrapassada e que precisa ser “revista”.

Renata Aragão (coordenadora do Rodas da Paz)

Quando as questões de trânsito são discutidas sob uma perspectiva abrangente, como faz a Rede Urbanidade, a abordagem da segurança viária evolui de uma visão limitada de “prevenção de acidentes” para um olhar de promoção da mobilidade sustentável. Isso não exclui, obviamente, a prevenção dos sinistros de trânsito, mas vai além. A revista tem um grande potencial para aprimorar as discussões que esse tema suscita.

Victor Pavarino (consultor da Organização Mundial da Saúde – OMS)

 

Iniciativa

A Rede de Promoção da Mobilidade Sustentável e do Transporte Coletivo (Rede Urbanidade), criada em novembro de 2019, é uma iniciativa da Promotoria de Justiça de Defesa da Ordem Urbanística (Prourb) em parceria com estudiosos e representantes de associações e entidades que se dedicam à causa da mobilidade. O grupo tem como objetivo assegurar a participação efetiva da sociedade na elaboração, na implementação e na fiscalização da política local de mobilidade urbana. Além disso, pretende ser um espaço democrático de articulação, discussão e busca de soluções para os desafios existentes nessa área, na perspectiva do desenvolvimento sustentável.

 

Secretaria de Comunicação
(61) 3343-9601 / 3343-9220 / 99303-6173

 

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PUBLICAÇÃO ORIGINAL
Acesse os créditos do texto e da imagem/fotografia na publicação original:

  • Veículo: MPDFT
  • Data de publicação original: 01/02/2023
  • Endereço: https://www.mpdft.mp.br/portal/index.php/comunicacao-menu/sala-de-imprensa/noticias/noticias-2023/14485-rede-urbanidade-lanca-revista-sobre-mobilidade-sustentavel

 

 

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