colaborador | Dia sem carro | Rio de Janeiro
Modal liga Fundão ao Centro do Rio em 20 minutos de bicicleta
Um Dia Mundial Sem Carro muito importante para os (3) Ciclanos que puderam comparecer ao evento mais inédito do #DMSC. Pela primeira vez um passeio de bicicleta agendado e monitorado foi feito entre a Ilha do Governador e o Centro da cidade, em 43 minutos, 20k, sem passar pela Av. Brasil nem Linha Amarela. É um marco para o cicloativismo da Ilha. Muitos outros virão nos próximos anos, veja as razões se continuar lendo.
Pode parecer pouco, mas não é.Também não é nenhuma revolução, vamos chamar de revolução pequenininha, ou, uma revolucinha.
A rota é quase 80% por ciclovias ou calçadas vazias. Começa na Estrada do Galeão, 2950, pela direita tem aquela calçada da Aeronáutica, de uso compartilhado informal, pedestres e ciclistas se entendem muito bem.
Depois a rota passa por trás da Vila da Aeronáutica, comunidade do Barbante, contorna debaixo do viaduto a entrada do Aeroporto e de novo calçada da Aeronáutica, a da Base Aérea. Que nos leva até a ponte velha e a entrada da Ilha do Fundão, pela estação do BRT.
Na Ilha do Fundão, administrada pela UFRJ, tem uma rede de ciclovias, recentemente repintada. Desde 2018 há um sistema de bicicletas compartilhadas até. Tem ainda uma estranha ciclovia para a Comunidade da Maré, que termina em cima de um viaduto, sem passagem para as bicicletas. Precisa descer uma escada carregando a bicha. Descer e subir, na volta.
É por aí que começa a nossa revolucinha. Porque não tem como sair da Ilha do Fundão de pedal.
O passeio do dia 22/9/22 dos Ciclanos usou uma saída de barco para levar os ciclistas até o Cais da Vila de Pescadores do Caju, deixando para trás a Ilha do Fundão. Travessia de 5 a 7 minutos. Depois, como está nas fotos, chega-se a Rodoviária Novo Rio, pelo Caju, explorando o vazio das calçadas do Porto, sem botar o pneu no asfalto da Av. Brasil. Do Cais à Rodoviária são 15 minutos. Depois, no Porto Maravilha, Roda Gigante, AquaRio, Praça Mauá, Museu da Espinha de Peixe, pode-se passear a beça de bicicleta.
Na semana do Dia Mundial Sem Carro, com previsão de chuvas, a Prefeitura do Rio cancelou eventos. Num deles seria apresentado o Plano Cicloviário CicloRio, onde novos espaços foram contemplados com a tal Rede Estruturante, imagino que sejam novas marcações e ciclovias, porque diz o documento essa rede ” garante conexão entre as diferentes áreas da cidade, promovendo continuidade entre vias da Rede Existente “. O Rio de Janeiro tem a maior malha cicloviária do Brasil, e com esse plano chega a 600 km. Não é nenhuma Brastemp, como Curitiba, mas protege na maioria das vezes, com velocidades mais baixas, sinais e faixas vermelhas.
E tem previsão para ciclofaixas no Caju também. O que muito alegrou Os Ciclanos.
Nossa intenção é debater o caminho, discutir, avaliar, estudar e completar um belo projeto para que empresas ajeitem essa ligação modal bicicleta-barco com as autoridades. Já existe coisa semelhante a funcionar nas lagoas de Jacarepaguá e Barra, da empresa Eco-balsas. É balsa elétrica, derivada de luz solar. Papa fina.
As razões de saúde, mobilidade, cultura, econômicas e financeiras são algumas. Naquele local acabou-se de concluir, em agosto, a venda do antigo Estaleiro Caneco. Em cinco anos vai dobrar o tráfego no Caju, no mínimo. O Governo do Estado vai colocar o Pólo Pesqueiro do Estado, um ancoradouro para barcos de pesquisas, um centro de pesquisas, e parte da UniMar, uma iniciativa da UERJ, Associação de Moradores de Paquetá e do Movimento Baía Viva, Ong de Meio Ambiente onde os Ciclanos divulgam seus achados e perdidos.
Imaginem alunos da UFRJ vindos do Centro, Glória, Flamengo, Catete, Lapa, de pedal na Facu. Bota R$ 5,00 a travessia e tem receita para a Barca e seus cuidadores. O Sol não cobra nada.
Tem as empresas também. O Parque tecnológico fica do lado do Cais da Vila Universitária. Tem Superpesa, Ambev, Vivo, entre titãs da Tecnologia da Petrobrás. Eles usam motos para entregas vindas do Centro e Zona Sul ? Dando aquela volta toda e gastando, urgh!, gasolina ? Que feio. Na certa preferem courriers de bicicleta, rápidos e confiáveis. Super high-tec. Fixies.
E tem a gente, ciclistas da Maré, Bonsucesso, Ilha do Governador, só os fortes. Ciclanos. Excentricamente vivemos como cidade do interior, porque sair e entrar na Ilha sempre foi complicado, tudo tornado distante. Os ônibus demoram, as barcas demoram, os engarrafamentos demoram. Se vai demorar, porque não vai logo de bicicleta então ? Pelo menos é divertido, dá saúde, apura os sentidos, faz amigos. Se for com Os Ciclanos. Até.
Texto: Por Alex U-Biker.
Foto: Alexandra Correa e Maria Paz ( Barraforte ) no Caju e o mapa de ciclofaixas do Plano Cicloviário da Prefeitura do Rio. Próximo da ligação modal entre Fundão e Caju.
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Artigo enviado pelo autor em 24/09/2022