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Arte urbana, cultura popular e bicicleta mudam a paisagem em São Miguel Paulista

Fotos: Rogério Viduedo

Durante o sábado, 9 de novembro, a Rua Nordestina, localizada no Jardim Lapenna  em São Miguel Paulista, Zona Leste de São Paulo, não teve disputa de carros e motos com pedestres e ciclistas. Desde as 9 horas da manhã, todos os 100 metros que margeiam o Galpão ZL, um centro de empreendedorismo comunitário mantido pela Fundação Tide Setubal e Sociedade Amigos do Jardim Lapenna, foram fechados para que acontecesse, pela primeira vez naquela região, uma edição do Bike Arte Gira. Crianças e famílias aproveitaram cada minuto de uma programação repleta com atividades de cultura, lazer e sociabilidade.

Ao longo do dia, mais de 200 crianças pedalaram livremente pela rua. A equipe do Rodinha Zero emprestou bicicletas e ajudou 25 delas a aprender a pedalar sem rodas auxiliares. Já a Mecânica Comunitária consertou 80 bicicletas de quem mora na região que, apesar de ser um dos locais onde mais se usa a bicicleta, possui pouca estrutura cicloviária.

O evento aconteceu das 11 às 19 horas. Houve apresentações de artistas locais, como o maracatu da Cia. Porto de Luanda e ainda Lei di Dai,  Lucas Afonso e Samba Coletivo, a poesia falada das Pretas Peri, o Coletivo Acuenda e o rap de As Trinca. Na final do evento, houve o sorteio de uma bicicleta Trek, uma das empresas que apoiam o Curso Viver de Bike.

Emanuel, 13 anos, morador local, aproveitou praticamente todas as atrações do evento. Desde cedo ele já estava no local para participar do final da oficina Lambike, uma das quatro formações em arte e cicloativismo que foram realizada pelos organizadores do evento. Ele aprendeu a técnica do lambe-lambe e transportou sua mensagem sobre desafios da mobilidade para um cartaz que foi colado em um dos postes da rua. 

Paloma, moradora da Rua Nordestina, aproveitou a tarde na calçada em frente a casa onde mora. Estava junto com a mãe e amigas que conversavam e faziam tricô. “Mudou a paisagem da rua”, declarou sorridente. Ela comentou que em geral a rua fica repleta de carros de moradores estacionados, mas naquele sábado, o visual era diferente. Ela também aprovou o mural de zines que foram colados no muro de ladrilhos. Eles foram resultado da oficina de cicloativismo e produção cultural que trouxe declarações de moradores da região sobre o relacionamento que possuem com a bicicleta.

Quem se também aproveitou cada momento do projeto foi a Thaís, estudante do ensino médio da Escola Estadual Pedro Moreira Matos, e uma das 15 participantes da oficina de grafite e estêncil. “Eu não tinha vontade de desenhar, mas depois da oficina eu aprendi e agora quero desenhar mais”. A formação realizada durante a semana que antecedeu o evento, teve 12 horas de aulas voltadas para a arte inclusiva. O resultado foi a pintura de um grande mural colorido com o nome da cada participante.

O Bike Arte Gira é um projeto do Instituto Aromeiazero que promove quatro quatro oficinas voltadas para fomentar a bicicleta, as artes e a cultura nos locais por onde passa, combinadas com um festival à céu aberto e gratuito. Antes do Jardim Lapenna, esteve em Heliópolis, na zona sul. Em 2020 haverá mais três edições no Centro e zonas oeste e norte. Está habilitado no Pro-mac, lei de incentivo à cultura da Prefeitura de São Paulo e financiado pela Uber. Contou com apoio da subprefeitura de São Miguel e da Fundação Tide Setubal e Sociedade Amigos do Jardim Lapenna.

Texto: Rogério Viduedo

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Matéria publicada sob autorização do Instituto Aro Meiazero.

Esta matéria também foi publicada em Acontece Agora em 13/11/2019.

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