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Em um ano, Rio tem alta de 702% de acidentes com veículos de micromobilidade, como patinetes e ciclomotores
O número de atendimentos por acidentes com veículos de micromobilidade explodiu na rede municipal de saúde do Rio. Em apenas um ano, os casos saltaram de 274 em 2023 para 2.199 em 2024 — um aumento de 702%, segundo levantamento da Comissão de Segurança no Ciclismo do RJ com base em dados da Secretaria Municipal de Saúde obtidos via Lei de Acesso à Informação. A conta não inclui ciclistas, que seguem com números elevados, mas estáveis.
A categoria de micromobilidade inclui patinetes elétricos, ciclomotores e bicicletas autopropelidas, cuja popularização acelerada foi impulsionada pela Resolução 996 do Contran. A norma nacional estimulou as vendas ao fornecer respaldo jurídico, mas a regulamentação ficou a cargo dos municípios. No Rio, essa etapa ainda não foi cumprida pela gestão Eduardo Paes, o que trava a aplicação de multas e deixa a fiscalização limitada à orientação.
“Como não há regulamentação para aplicação de penalidade de multa, os guardas municipais atuam na orientação para uma condução segura para os usuários e as demais pessoas”, afirmou a Prefeitura.
Nos hospitais privados, o impacto também é sentido. “As lesões mais comuns, felizmente, são menos graves e consistem em escoriações. Porém, quedas em alta velocidade ou colisões podem levar a lesões muito graves, como traumatismo cranioencefálico, traumas na medula espinhal e traumas torácicos. Algumas podem até levar o paciente à morte”, alertou Pedro Rothman, do Hospital Glória D’Or.
Para especialistas, o cenário resulta da combinação entre crescimento desordenado do uso e falta de informação. “O número de acidentes de bicicletas segue em um patamar alto, mas sem grandes oscilações. Já na categoria ‘outros’, onde entram os ciclomotores e autopropelidos, você percebe uma explosão de casos a partir da Resolução 996 do Contran. É um crescimento absurdo de casos”, afirmou Vivi Zampieri, da Comissão de Segurança no Ciclismo.
Nas ruas, o medo é palpável. “Eu tenho observado vários acidentes aqui mesmo na orla, aos domingos, quando as pessoas caminham. Já vi alguns acidentes com pessoas idosas porque existe uma falta de respeito generalizado”, relatou Lairton Mattos.
Para o vereador Pedro Duarte (Novo), é preciso agir em duas frentes: informação e fiscalização. “Qual é a velocidade permitida na ciclovia da Praia de Copacabana? Não tem como saber, não há placas. A gente parte do princípio de que o carioca vai desrespeitar a lei, mas acredito que a maioria respeita — desde que saiba qual é a regra.”
A empresa Whoosh, que opera patinetes elétricos compartilhados no Rio, reforça essa abordagem. “A pedra fundamental da utilização de qualquer ferramenta de micromobilidade é a educação do usuário. A gente não consegue fiscalizar 24 horas por dia”, disse Cadu Souza, diretor de operações. Segundo ele, já foram bloqueados mais de 20 mil usuários por descumprirem regras básicas.
Para muitos, a solução exige ação mais clara da Prefeitura. “Tem que fazer uma coisa parecida com as bicicletas elétricas”, sugeriu o carioca André Moreira. “Você tem que educar, mas no curto prazo não resolve. Sem fiscalização não resolve.”
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PUBLICAÇÃO ORIGINAL
Acesse os créditos do texto e da imagem/fotografia na publicação original:
- Veículo: Agenda do Poder
- Data de publicação original: 12/04/2025
- Título original: Acidentes com veículos de micromobilidade, como patinetes e ciclomotores, sobe 720% no Rio
- Endereço: https://agendadopoder.com.br/acidentes-com-veiculos-de-micromobilidade-como-patinetes-e-ciclomotores-sobe-720-no-rio/