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“A pandemia será capaz de desalienar as cidades?”

“Seremos um dia capazes de identificar a crise global ligada à Covid-19 na fisionomia das cidades? Ela deixará marcas nas faixas de pedestres, na largura das calçadas ou no número de ciclovias? Modificará a maneira como percorremos diariamente a cidade? Esta é a esperança de todos aqueles que, diante do coronavírus, invocam as virtudes do urbanismo “tático”. Criação de ciclovias, estreitamento das pistas de rolamento, ruas adaptadas aos pedestres: para incentivar os moradores a respeitarem o princípio do distanciamento físico, muitos prefeitos, em Paris, Winnipeg (Canadá) ou na Cidade do México, estão desenhando com pequenos toques uma nova trama urbana.

Para circular sem entrar em contato, Bogotá implantou, assim, no auge da crise, 117 quilômetros de ciclovias. Nova York e Calgary (Canadá) fecharam avenidas para a circulação de veículos, enquanto Auckland (Nova Zelândia) e Milão (Itália) prometeram ampliar as calçadas. Paris não deve ficar para trás: a prefeita Anne Hidalgo propõe aumentar o número de ruas e faixas de pedestres reservadas para bicicletas. Porque exige espaço, a Covid-19 remodelou, em poucos meses, delicadamente o urbanismo das grandes metrópoles do planeta: com a pandemia, arranjos que ontem pareciam ousados se tornaram realidade.

Esse diálogo frutífero entre a medicina e a habitação é muito antigo. “A saúde tem sido um determinante importante no nascimento do urbanismo”, resume o arquiteto Albert Lévy, pesquisador do Laboratório de Arquitetura, Cidade, Urbanismo e Meio Ambiente (Lavue, CNRS), autor de Ville, urbanisme et santé. Les trois révolutions (Ed. Pascal, 2012). Desde o século V a.C., Hipócrates explora, no tratado Des airs, des eaux et des lieux, as relações entre doenças e meio ambiente. “Para aprofundar a medicina, é preciso primeiro considerar as estações do ano, conhecer a qualidade das águas, dos ventos, estudar as várias condições do solo e o modo de vida dos habitantes”, escreve o médico da Antiguidade […].”

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